Tensão, medo da morte e agonia de viver

Olá, viajantes!

Neste mês das bruxas, venho falar um pouco sobre terror e horror como conceitos literários.

O terror pode ser explicado como a tensão da expectativa de algo terrível que está prestes a acontecer e é considerado como algo mais psicológico, abstrato. Para criar essa atmosfera, podemos nos utilizar de ambientes escuros e frios, sombras e elementos que fogem ao ordinário: um cheiro ou barulho estranho, um objeto misteriosamente fora do lugar, uma neblina inesperada etc.

Já o horror é palpável, concreto, é quando se encara o que quer que esteja causando a tensão. Um assassino em série, um monstro, um fantasma, alienígenas, uma casa amaldiçoada, tudo o que represente o medo da morte.

Dentro do espectro do horror, há o grotesco, cuja essência não é o medo de morrer, mas a angústia de viver. A demência pode ser uma manifestação do grotesco, assim como deformações que causem agonia e dor. A criatura de Frankenstein, que é feita de partes de corpos humanos, mas cuja existência não é humana, é um grande exemplo do grotesco, que causa aversão e compaixão ao mesmo tempo.

Na comunicação que apresentei em 2019 no III Seminário Gêneros Híbridos da Modernidade: vozes femininas na literatura e outras artes, realizado na UNESP de Assis, falei um pouco sobre esses conceitos nos quadrinhos japoneses, na apresentação intitulada O Olhar Sombrio de Yuki Kaori: O Horror e o Grotesco no mangá shōjo.

Com forte influência da cena gótica da década de 1980, Yuki se utiliza do horror e do grotesco para contar histórias perturbadoras. Trago aqui alguns exemplos de como a autora navega por esses conceitos em sua obra.

Em Conde Cain, Yuki cria a tensão do terror colocando suas personagens em uma mansão onde os quartos são todos temáticos de contos de fadas. Lá dentro, ela parte para o horror, fazendo-as encarar um serial killer vestido de Lebre Maluca:



E em Angel Sanctuary, ela cria uma personagem grotesca na forma de Sandalphon, um anjo cuja forma física lhe causa imensa dor: uma cabeça de bebê enorme e alada, com inúmeros olhos inclusive nas asas, todo perfurado por agulhas:


Esses são apenas alguns exemplos de como usar terror, horror e grotesco em histórias de ficção, e recomendo a leitura de obras de Yuki Kaori, que consegue fazer a gente odiar e se compadecer de suas personagens ao mesmo tempo, dando nó no nosso cérebro.

Até a próxima!




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os arquétipos masculinos de Schmidt

Para não confundir: Linguagem x Gênero