A Jornada do Herói ficcional e seus arquétipos

Olá, viajantes!

Finalizando nossa viagem pelos arquétipos, vou compartilhar com vocês as visões de Christopher Vogler e Victoria Lynn Schmidt sobre a Jornada do Herói aplicada à escrita de ficção.

Vogler, em seu A jornada do Escritor, divide os passos da Jornada do Herói em 12, que são:

1. Mundo Comum
2. Chamado à Aventura
3. Recusa
4. Encontro com o Mentor
5. Travessia do Primeiro Limiar
6. Testes, Aliados, Inimigos
7. Aproximação da Caverna Oculta
8. Provação
9. Recompensa (Apanhando a Espada)
10. Caminho de Volta
11. Ressurreição
12. Retorno com o Elixir

Ele também encaixa essas etapas dentro de uma estrutura de três atos, sendo que ao final de cada ato, deve haver um ponto de virada na história:


Schmidt, em seu 45 master characters, divide a Jornada do Herói em 9 passos, também encaixados dentro de três atos, que são:

Ato I: Desafio
1. O mundo perfeito
2. Amigos e inimigos
3. O chamado
Ato II: Obstáculos
4. Pequeno sucesso
5. Convites
6. Provações
Ato III: Transformação
7. Morte - bifurcação na estrada
8. Desperto ou Rebelde
9. Vitória ou fracasso

Além disso, a autora apresenta, também em nove etapas em três atos, a Jornada da Heroína:

Ato I: Contenção
1. Ilusão de um mundo perfeito
2. Traição ou Realização
3. O Despertar - preparando-se para a jornada
Ato II: Transformação
4. A Descida - passando pelos portões do julgamento
5. O olho da tempestade
6. Morte - tudo está perdido
Ato III: Emersão
7. Apoio
8. Renascimento - o momento da verdade
9. Círculo Completo - retorno ao mundo perfeito

Uma das partes mais interessantes do livro de Schmidt é a aplicação da jornada masculina a personagens femininas e vice-versa. Outro aspecto muito útil são os exemplos de jornada e arquétipos em obras contemporâneas que, além de livros, incluem filmes e até figuras históricas.

Os arquétipos, ou funções, da Jornada são sete:

O Herói: de acordo com Vogler, existem muitos tipos de heróis, “incluindo os que querem e não querem ser Heróis, os solitários e os solidários, os Anti-heróis, os Heróis trágicos e os catalisadores”.

O Mentor: é a figura do Velho Sábio, alguém que tem conhecimentos de que o herói precisa para continuar sua jornada.

O Guardião do Primeiro Limiar: essa figura pode vir na forma de adversários, aliados do antagonista, personagens neutras com seus próprios interesses ou mesmo aliados disfarçados. Sua grande função é testar a determinação do herói.

O Arauto: representa o próprio Chamado para a Aventura, e pode ser uma personagem, um acontecimento, uma condição ou uma informação impossível de ignorar, que impele o herói adiante.

O Camaleão: representa o outro, incompreensível de início e que tem como principal característica mudar o tempo todo aos olhos do Herói. A conciliação com esse arquétipo é chave para o sucesso do herói.

A Sombra: representa o lado que o herói não quer ver em si mesmo, pois acredita serem fraquezas. Muitos vilões são sombras do herói, mas esse arquétipo não necessariamente precisa se manifestar em inimigos.

O Pícaro: representa o cômico e o desejo de mudança. Pode ser, segundo Schmidt, dividido em dois, o Coringa e o Bobo. O primeiro é encrenqueiro e sagaz, e o segundo é apenas desajeitado, levando a situações frustrantes.

É isso, espero que essa viagem pelos arquétipos e pelas jornadas do Herói e da Heroína tenha sido interessante.

Até a próxima!

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