Elementos da narrativa

Olá, viajantes!

Hoje vou falar sobre os elementos que compõem a narrativa.

Começo por enunciado e enunciação. O enunciado nada mais é do que a história propriamente dita, com começo meio e fim. Já a enunciação remete ao ato de um autor comunicar algo a alguém em determinada época e lugar.

Há quem defenda que apenas o enunciado importa para análise, mas muitas obras dialogam diretamente com a época em que foram escritas, tornando impossível aos críticos desvinculá-las de autor e época de publicação.

O enredo é o conjunto de fatos que se desencadeiam rumo à conclusão da história. É basicamente tudo o que acontece, é a própria narrativa.

O enredo mais comum é o linear, que apresenta, nesta ordem, exposição (introdução, apresentação), complicação (desenvolvimento), clímax e desfecho (desenlace, conclusão). É claro, as narrativas modernas subvertem essa ordem, criando narrativas não-lineares, fragmentadas, subjetivas etc.

O tempo na narrativa tende a se caracterizar em sua relação com o tempo “real”, ou seja, o nosso tempo, ou o tempo em que cada autor escreveu sua história. Por exemplo, a história pode se passar em um passado distante, no caso de romances históricos, no presente, no caso de dramas ou comédias da vida cotidiana, no futuro, no caso da ficção científica, e mesmo em tempo e lugar totalmente diferentes (ucronia), no caso de histórias de fantasia.

O mesmo acontece com o espaço na narrativa, que apresenta a mesma aproximação ou distância do espaço real de quem lê.

Além disso, tempo e espaço podem se expandir ou condensar dentro da narrativa dependendo da história contada. Uma história de aventura vai narrar uma jornada longa e que passa por vários e diferentes lugares, já um drama psicológico pode acontecer inteiramente em um só lugar e em um período curtíssimo de tempo. Em todos os casos, tempo e espaço se organizam e se dividem em função da história.

A personagem é o ser ficcional que habita a narrativa. É através dela que vemos o mundo apresentado no enredo e quem acompanhamos navegar pelos acontecimentos da história. Personagens bem elaboradas cativam e nos impelem a continuar, são elas que nos fazem querer saber o que vai acontecer adiante.

O narrador é, nas palavras de Oliveira e Santos, “um ser de papel que, como articulador da narração, determina o ponto de vista”. Ele pode ser onisciente, contando a história de um ponto distante, pode ser uma personagem, protagonista ou não, pode se fazer perceber escancaradamente ou ser praticamente invisível (como a câmera no cinema).

Esses elementos combinados formam a narrativa e, conhecendo-os bem, o céu é o limite.

Até a próxima!


Para saber mais:

CANDIDO, A.; ROSENFELD, A.; PRADO, D. A. E GOMES, P. E. S. A personagem de ficção. 12. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.

CHACON, L. Ritmo da escrita: uma organização do heterogêneo da linguagem. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1998.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 26. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

MOISÉS, M. A criação literária: prosa 1. 20. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

OLIVEIRA, S. P. de; SANTOS, L. A. B. Sujeito, tempo e espaço ficcionais. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

REUTER, Y. Introdução à análise do romance. 2. ed. Tradução de Angela Bergamini et al. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

RICOEUR, P. Tempo e narrativa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. 3 vols.

TODOROV, T. As estruturas narrativas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.

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