Elementos das HQs

Olá, viajantes!

Hoje vou deixar aqui um trechinho resumido da minha dissertação, sobre os elementos que compõem as histórias em quadrinhos.

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As histórias em quadrinhos são uma linguagem narrativa porque contam uma história. Porém, diferente da prosa, que tem seu maior alicerce nas palavras, as histórias em quadrinhos têm como seu maior alicerce a imagem e sua relação com o texto.

Podem-se identificar facilmente quase todos os elementos da narrativa nas histórias em quadrinhos, como o enredo, enunciado e enunciação, espaço, tempo e personagens. Mas o narrador está mais escondido, caso não seja uma das personagens, e aparece na forma das cenas apresentadas em imagens sequenciais, como no cinema.

Além disso, uma história em quadrinhos possui elementos gráficos inerentes:
O requadro é a característica principal dos quadrinhos e que faz com que eles sejam o que são. É chamado requadro toda a moldura que faz parte do conjunto que forma uma página sequencial de quadrinhos:
 
Figura 1 – O requadro.
 
Os espaços entre os requadros dentro de uma página são chamados de sarjetas ou calhas (BUSCEMA e LEE, 2014):
 
Figura 2 – As sarjetas entre os requadros.
Fonte: Desenho próprio.
 
É nesses espaços que ocorre o fenômeno da conclusão, ou seja, observar as partes e perceber o todo. É ali que, conscientemente, o leitor completa com sua própria imaginação o que acontece entre um requadro e outro.

Os campos onde são inseridos os diálogos entre as personagens são chamados balões de diálogo (BUSCEMA e LEE, 2014). O balão tradicional tem formato ovalado, horizontalmente nos quadrinhos ocidentais e verticalmente nos orientais, para acomodar a ordem da escrita, e possuem seta indicativa apontando para a personagem que está falando.

Por sua vez, os balões onde são inseridos os pensamentos das personagens são chamados de balões de pensamento (BUSCEMA e LEE, 2014).

As onomatopeias são, de acordo com as várias definições reunidas por Naumin Aizen (1977), palavras ou conjuntos de fonemas que imitam sons de qualquer natureza. Recurso usado em abundância nas HQs, a onomatopeia é um esforço de todo quadrinista de, “usando inúmeras variações, representar o som num meio estritamente visual” (MCCLOUD, 1995, p. 134).

O recordatório é “o texto dirigido ao leitor mas que não faz parte do diálogo” (BUSCEMA e LEE, 2014, p. 14) nem dos pensamentos imediatos das personagens, representados pelos balões de pensamento. Dentro do recordatório, podem ser inseridos os monólogos internos de uma personagem, indicações simples de mudança de tempo e espaço, e uma narração.

Tempo e espaço estão intimamente conectados na narrativa, mas no caso dos quadrinhos, essa ligação se torna junção. De acordo com McCloud (1995, p. 100), “quando aprendemos a ler quadrinhos, aprendemos a perceber o tempo espacialmente, pois, nas histórias em quadrinhos, tempo e espaço são uma única coisa”. Ou seja, através da sequência de requadros, o leitor tem a sensação de que, movendo-se pelo espaço, está também se movendo pelo tempo.

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Esses elementos combinados dão forma à narrativa gráfica. Quem quiser ler mais, minha dissertação está aqui.

Até a próxima!

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