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Sobre histórias de fadas

 Olá, viajantes! Hoje vou fazer um resgate. Deixo aqui o texto que escrevi para o saudoso blog da editora WMF Martins Fontes sobre um livro queridíssimo do J. R. R. Tolkien: Árvore e Folha , hoje publicado pela Harper Collins Brasil . Nomeei o post com o título da edição anterior à da WMF, da Conrad . São as duas edições que tenho. *** Árvore e folha é um material precioso, e não só para os amantes de J. R. R. Tolkien, principalmente porque sua maior parte é composta de um ensaio incisivo sobre os contos de fadas. Nele, Tolkien discute a natureza dos contos de fadas, suas origens e sua utilidade, expressando em minúcias sua opinião sobre para quem se dirigem tais histórias. O que são contos de fadas? Qual é sua origem? Qual sua utilidade? Essas são as perguntas que o professor tenta responder no ensaio Sobre contos de fadas , e, ao fazê-lo, Tolkien questiona a própria definição do termo “conto de fada”, o que são as fadas (ou elfos), o que se encaixa dentro do gênero e o que fica...

Elementos dos mangás

 Olá, viajantes! Hoje vou deixar aqui mais um trechinho resumido da minha dissertação, sobre os elementos que compõem os mangás. Os quadrinhos japoneses, além de apresentarem os elementos narrativos e de histórias em quadrinhos , possuem suas próprias peculiaridades narrativas e visuais. *** A ordem de leitura nos quadrinhos acompanha geralmente a ordem de leitura da escrita. Nos quadrinhos ocidentais, a leitura é feita da esquerda para a direita e de cima para baixo. No oriente, é feita da direita para a esquerda e de cima para baixo. É como um zigue zague que começa pela esquerda no ocidente e pela direita no oriente. Embora exista uma sequência geral para o mangá (da direita para a esquerda e de cima para baixo), o mangá shōjo introduziu uma flexibilidade e subjetividade na ordem de leitura dos balões e requadros de imagens dentro de sua narrativa, de forma que eles podem ser lidos em diversas ordens sem interferir no entendimento da página. Os campos onde são inseridos os diál...

Elementos das HQs

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Olá, viajantes! Hoje vou deixar aqui um trechinho resumido da minha dissertação, sobre os elementos que compõem as histórias em quadrinhos. *** As histórias em quadrinhos são uma linguagem narrativa porque contam uma história. Porém, diferente da prosa, que tem seu maior alicerce nas palavras, as histórias em quadrinhos têm como seu maior alicerce a imagem e sua relação com o texto. Podem-se identificar facilmente quase todos os elementos da narrativa nas histórias em quadrinhos, como o enredo, enunciado e enunciação, espaço, tempo e personagens. Mas o narrador está mais escondido, caso não seja uma das personagens, e aparece na forma das cenas apresentadas em imagens sequenciais, como no cinema. Além disso, uma história em quadrinhos possui elementos gráficos inerentes: O requadro é a característica principal dos quadrinhos e que faz com que eles sejam o que são. É chamado requadro toda a moldura que faz parte do conjunto que forma uma página sequencial de quadrinhos:   Figura 1 –...

Elementos da narrativa

Olá, viajantes! Hoje vou falar sobre os elementos que compõem a narrativa. Começo por enunciado e enunciação . O enunciado nada mais é do que a história propriamente dita, com começo meio e fim. Já a enunciação remete ao ato de um autor comunicar algo a alguém em determinada época e lugar. Há quem defenda que apenas o enunciado importa para análise, mas muitas obras dialogam diretamente com a época em que foram escritas, tornando impossível aos críticos desvinculá-las de autor e época de publicação. O enredo é o conjunto de fatos que se desencadeiam rumo à conclusão da história. É basicamente tudo o que acontece, é a própria narrativa. O enredo mais comum é o linear, que apresenta, nesta ordem, exposição (introdução, apresentação), complicação (desenvolvimento), clímax e desfecho (desenlace, conclusão). É claro, as narrativas modernas subvertem essa ordem, criando narrativas não-lineares, fragmentadas, subjetivas etc. O tempo na narrativa tende a se caracterizar em sua relação com o...

Para não confundir: Linguagem x Gênero

Olá, viajantes! Hoje vou falar um pouco sobre uma distinção que parece nebulosa para muitos: linguagem e gênero. O gênero é algo mais difundido, e que reconhecemos bem. Terror, Romance amoroso, Comédia, Comédia romântica, Aventura, Fantasia, Ficção científica, Realismo mágico, Drama e tantos outros são exemplos de gêneros de histórias. Agora a linguagem parece ser mais nebulosa, e muita gente a confunde com gênero, principalmente quando se trata de histórias em quadrinhos. Seriam as HQs um gênero de histórias? A resposta é não. Assim como a Literatura, o Cinema, a TV e o Teatro, as HQs são uma linguagem que engloba vários gêneros. Todas as linguagens elencadas acima, com suas particularidades e características próprias, são capazes de contar histórias de todos os gêneros apontados aqui, e muitos outros. Da mesma forma, todos os gêneros podem ser contados em diversas linguagens. Isso fica mais claro quando consideramos as adaptações de obras de uma linguagem (muitas vezes chamada de míd...

Making of: Dança Eterna

 Olá, viajantes! Hoje vou falar um pouco sobre como concebi o conto Dança Eterna, uma das primeiras histórias que escrevi do começo ao fim. O ano era 2004 e eu estava entediada no trabalho. Minha cabeça nas nuvens, como sempre. Por algum motivo, comecei a divagar sobre a existência vampírica: não monstros sem alma como retratados em Buffy: a caça-vampiros , mas seres ex-humanos cuja realidade havia mudado drasticamente. Mais como os da Anne Rice, em conflito com sua natureza original e a nova condição de vampiros. Queria falar sobre essa minha visão sobre os vampiros, que não é original nem extraordinária, mas que era minha. Então, a história foi chegando rápido, com seu começo, seu meio e seu fim. Escrevi em três dias. Vomitei mesmo tudo o que eu queria dizer sobre os vampiros na minha cabeça. Depois, ao longo de décadas – inclusive até pouco antes de decidir postar no Wattpad – reescrevi, cortei, adicionei, troquei, editei. Toda vez que sentava para ler a história, mudava alguma ...

Tensão, medo da morte e agonia de viver

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Olá, viajantes! Neste mês das bruxas, venho falar um pouco sobre terror e horror como conceitos literários. O terror pode ser explicado como a tensão da expectativa de algo terrível que está prestes a acontecer e é considerado como algo mais psicológico, abstrato. Para criar essa atmosfera, podemos nos utilizar de ambientes escuros e frios, sombras e elementos que fogem ao ordinário: um cheiro ou barulho estranho, um objeto misteriosamente fora do lugar, uma neblina inesperada etc. Já o horror é palpável, concreto, é quando se encara o que quer que esteja causando a tensão. Um assassino em série, um monstro, um fantasma, alienígenas, uma casa amaldiçoada, tudo o que represente o medo da morte. Dentro do espectro do horror, há o grotesco, cuja essência não é o medo de morrer, mas a angústia de viver. A demência pode ser uma manifestação do grotesco, assim como deformações que causem agonia e dor. A criatura de Frankenstein, que é feita de partes de corpos humanos, mas cuja existência nã...